sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Comissão de Empresa abre negociações com BB cobrando melhores condições de saúde

Foto: Contraf/CUT
          Os avanços alcançados na Campanha Nacional de 2009 no Banco do Brasil constituem o patamar mínimo para as negociações deste ano. Esse foi o entendimento que marcou o início das negociações entre o Comando Nacional dos Bancários, e a Comissão de Empresa dos Funcionários do BB com o Banco do Brasil, durante a rodada específica realizada nesta quinta-feira (2) na sede da instituição, em Brasília.
           Apesar do tom conciliador do debate e das boas perspectivas sinalizadas pelo BB, os bancários cobraram melhorias nas cláusulas relacionadas à saúde do trabalhador e questionaram a remoção das portas giratórias de algumas agências. Inicialmente a Comissão de Empresa dos Funcionários propôs que as próximas negociações fossem realizadas nos dia 10 e 17 de setembro, mas o banco alegou que no dia 10 seria inviável por questões internas. Por isso, os negociadores do BB propuseram que as negociações sejam realizadas nos dias 17 e 21 de setembro.
          Logo depois de assinarem a prorrogação do atual Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) por mais 30 dias, a Comissão de Empresa apresentou uma extensa pauta cobrando melhorias na política do BB para saúde do trabalhador. Sobre a realização do Exame Periódico de Serviço (EPS), o maior problema está relacionado à realização de exames fora da cidade onde o bancário reside. A Comissão de Empresa pediu que, neste caso, o banco faça o ressarcimento de despesas.
           Ainda sobre o EPS, a Comissão de Empresa solicitou a inclusão de perguntas sobre problemas mentais. O atual modelo de exame se limita a abordar, nos itens da questão psicológica, o estresse. Informações preliminares revelam que pelo menos 5% dos bancários que participaram do exame têm alguma doença mental. Por isso, os trabalhadores entendem que é prudente o BB fazer uma análise mais profunda desse tipo de enfermidade na categoria.
          Preocupada com a saúde financeira da Cassi e com o modelo de atendimento, os bancários também cobraram a criação de uma carteira de saúde ocupacional para reduzir os gastos com a Caixa de Assistência e propuseram outro modelo de eleição do Conselho de Usuários da Cassi, com a regulamentação de suas ausências e aprovação de um regimento.
          Assédio moral
          
As metas quase sempre inatingíveis impostas pelo BB voltaram a ser criticadas pela Comissão de Empresa. Segundo os sindicalistas, o BB precisa reavaliar a política de metas para melhorar as relações no ambiente de trabalho.
           A Comissão de Empresa também denunciou o envio de torpedos aos funcionários fora do seu horário de serviço, citando casos de mensagens enviadas às 23h.
           Os sindicalistas pontuaram algumas críticas sobre o processo eleitoral dos Comitês de Ética e reivindicaram, em especial, a paridade entre eleitos e indicados, além de alteração da localização da Ouvidoria na estrutura organizacional do BB.
           Licença-maternidade
           Em relação aos bancários afastados em decorrência de licenças-maternidade e saúde, a Comissão de Empresa pediu a continuidade de pagamento do auxílio-refeição a esses trabalhadores. A representação dos bancários emendou a reivindicação solicitando a extensão da licença-paternidade de cinco para 15 dias.
          Atestados médicos
          A necessidade de homologação dos atestados médicos acima de quatro dias foi outro assunto abordado pelos representantes dos bancários.
          Sobre a divulgação do Certificado Internacional de Doenças (CID) nos atestados, a Comissão de Empresa lembrou ao BB que a atual legislação não obriga o fornecimento do número equivalente ao problema de saúde.
          Transferências
         
Os dirigentes sindicais pediram agilidade nas transferências ocasionadas por problemas de saúde do próprio funcionário ou parente. O banco garantiu que, nos casos das grávidas, a transferência é imediata.
          A Comissão de Empresa exigiu o fim da discriminação no programa antitabagismo. O programa não é oferecido da mesma forma aos bancários pós-98. O banco ficou de corrigir essas e outras distorções nas instruções internas o mais breve possível.
          Descanso
        
Em virtude da rotina estressante dos caixas, a Comissão de Empresa pediu o repouso de 10 minutos a esses bancários, além de incluir os 15 minutos diários em sua jornada de trabalho.
          Ambulatórios
           A Comissão de Empresa não se esqueceu de pedir a volta dos ambulatórios. O banco, por sua vez, explicou que os novos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (Sesmt) serão dotados de uma nova estrutura, sem os ambulatórios convencionais.
           De acordo com o BB, os Sesmts terão consultórios, inclusive, com orçamento já aprovado. Segundo os negociadores, todo Sesmt vai ter no mínimo um profissional de segurança e de saúde, de acordo com a dotação estadual.
           Democracia nas Cipas
          Insatisfeita com o atual modelo de composição das Comissões Internas de Prevenções de Acidentes (Cipas), a Comissão de Empresa solicitou eleição para todos os cargos do órgão. O banco insistiu na tese de que a Cipa deve ser paritária.
          Portas giratórias
         Preocupados com a retirada de portas giratórias de algumas agências, a Comissão de Empresa pediu explicações ao banco. Em resposta, o BB disse que não se trata da retirada do dispositivo de segurança.
          “A iniciativa faz parte de um projeto do banco, baseado em pesquisas com clientes, de reformulação das agências. O BB havia iniciado essa mudança de layout em 2006, no entanto, suspendeu as mudanças e agora voltou a implementá-las", justificou o negociador.
           Segundo ele, a ideia inicial é reformar 45 agências em todo o país. "A retirada da porta de segurança implica na adoção de outras medidas para garantir a segurança dos bancários e clientes", disse.
          O banco pretende iniciar a mudança em 15 de outubro e não soube explicar se haverá ou não extensão do projeto para outras unidades. De acordo com o banco, o projeto incluiria, inicialmente, as agências que concentram os clientes com alta renda. A estranha prática já é adotada em outros bancos, como o Itaú Unibanco.
          A Comissão de Empresa não concorda com esse projeto e fará manifestações contrárias à iniciativa nos locais onde ocorrer a mudança, mas aceitamos conversar com o banco para saber mais detalhes sobre a ideia.
          Calendário de negociação
           O próximo encontro será no dia 17 de setembro, em São Paulo, e vai ter na pauta assuntos como emprego, cláusulas sociais e também itens relacionados aos funcionários egressos dos bancos incorporados pelo BB, além da discussão principal sobre remuneração e PCS. E no dia 21 de setembro as partes voltam a se reunir para debater assuntos pendentes da rodada do dia 17.
          Outros assuntos
          Os bancários cobraram ainda a garantia da comissão aos funcionários afastados por doenças, a extinção das centrais de cobrança clandestinas, programa de prevenção aos funcionários do teleatendimento, reformulação do BB 2.0, aumento da idade dos filhos que poderão ser acompanhados pelos pais bancários em caso de consulta médica.
          O banco ainda ficou de agendar uma data para apresentar mais detalhes sobre o plano odontológico. Assim que for divulgada, o Sindicato informará em seus veículos de comunicações.
          Avaliação
         O representante dos bancários gaúchos na Comissão de Empresa, Ronaldo Zeni diz que o processo de negociação com o Banco do Brasil precisa ser acelerado para que cada rodada da mesa temática gere resultados práticos. “As negociações sobre os temas saúde e condições de trabalho, em especial, devem apresentar resultados imediatos para as questões que mais afligem o funcionalismo do BB. É o caso da garantia de comissão para quem sai em licença-saúde; da redução da cobrança de metas; da implantação da porta giratória antes do autoatendimento e a extinção das centrais de atendimento irregulares”, observa Zeni.
          O sindicalista também alerta que a demora na apresentação de uma proposta consistente da parte do banco vai gerar mais mobilização. “Isto pode levar o funcionalismo do BB a uma greve prematura”, finaliza.
Fonte: Contraf/CUT com edição da Fetrafi/RS

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