sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Bancos mantêm intransigência e bancários se preparam para a greve

Foto: Jailton Garcia/ Contraf-CUT
          Os bancos enrolaram mais uma vez e rejeitaram, na terceira rodada de negociações concluída nesta quinta-feira 9, todas as reivindicações referentes à preservação do emprego apresentadas pelo Comando Nacional dos Bancários. Repetiram o padrão de intransigência das rodadas de negociação anteriores, quando negaram as reivindicações sobre saúde do trabalhador e melhores condições de trabalho, como o fim das metas abusivas, o combate ao assédio moral e mais segurança contra assaltos e sequestros.
           Diante do descaso dos bancos para com as reivindicações dos trabalhadores, o Comando Nacional decidiu convocar Dia Nacional de Luta para a terça-feira 14, véspera da quarta rodada de negociação, que ocorre na quarta e na quinta-feira, 15 e 16. A pauta estará centrada na remuneração, o que inclui aumento real de salário (reajuste de 11%), melhoria na PLR, previdência complementar e valorização dos pisos.
           “Tivemos mais uma rodada de negociação marcada pela negativa dos banqueiros. A Fenaban insistiu muitas vezes que nossas reivindicações são ultrapassadas e que não há elementos novos que justifiquem o debate”, diz o diretor da Fetrafi-RS, Arnoni Hanke.
           O dirigente sindical observa que os negociadores jogaram alguns debates para os próprios bancos, de quem segundo eles é a responsabilidade pela normatização de regras e critérios sobre os temas discutidos na rodada desta semana. “Só resta ampliar a mobilização e preparar a categoria, inclusive com data indicativa de greve. Esta parece ser a única linguagem que os bancos entendem”, enfatiza Hanke.
           Os gaúchos apresentaram ao Comando dos Bancários a discussão sobre o calendário aprovada, por unanimidade, em assembleia promovida no dia 2 de setembro na Casa dos Bancários, em Porto Alegre. O indicativo era de iniciar greve a partir do dia 22, caso a categoria não tivesse uma proposta satisfatória.
          A maioria do Comando Nacional defendeu que esta discussão seja feita após o final das negociações da semana que vem. Nos dias 15 e 16 de setembro será debatido o tema remuneração. “A partir daí, sentaremos para definir um calendário de assembleias e a data da greve. E fica orientado um Dia Nacional de Luta para terça-feira, dia 14 de setembro. Véspera da quarta rodada de negociação”, ressalta Mauro Salles, diretor do SindBancários, que representou a entidade nesta rodada de negociação.
Veja detalhes da negociação com os banqueiros: 
           Correspondentes bancários
           No segundo dia da terceira rodada de discussões, nesta quinta-feira, o Comando Nacional voltou a insistir na busca de uma solução para o problema dos correspondentes bancários, que vêm sendo usados pelos bancos para reduzir custos, precarizar e segmentar o atendimento aos clientes.
           De acordo com o movimento sindical, o correspondente bancário é a forma mais agressiva de terceirização do sistema financeiro nos últimos anos. Trata-se de uma estratégia de segmentação de mercado, deslocando uma parcela de clientes, especialmente de baixa renda, para esse tipo de atendimento precário.
           Aprendizes
          
Em relação aos aprendizes, o Comando Nacional defendeu que os bancos parem de usar essas contratações para substituir o trabalho de bancários e que esses trabalhadores contratados em programas de aprendizagem não podem ter idade superior a 18 anos, como determina a legislação. Os bancos retrucaram que a legislação permite a contratação de aprendizes até 24 anos e se recusaram a incluir essa cláusula na Convenção Coletiva de Trabalho.
           Redução de juros e abono assiduidade
          
Os representantes dos bancários reivindicaram a redução dos juros das operações a todos os trabalhadores das instituições financeiras. Os negociadores da Fenaban também rejeitaram a demanda, alegando que cada banco tem uma prática diferente e eles não podem interferir na política de mercado das empresas do setor tabelando juros.
           "Com essa postura, os bancos demonstram o desprezo total em relação a seus trabalhadores, que eles enxergam apenas como clientes", critica o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro.
           Os bancos se recusaram ainda a discutir a reivindicação dos bancários de conceder um abono assiduidade, na forma de cinco dias de folga por ano aos trabalhadores, considerando que o ano possui 365 ou 366 dias e os bancos só pagam 360. Essa demanda já foi conquistada em vários bancos públicos.
           Comissão sobre mudanças tecnológicas
           O Comando Nacional também defendeu a criação de uma comissão bipartite empresa-bancários para debater, acompanhar e apresentar propostas diante de projetos de mudança tecnológica e organizacional, reestruturação administrativa, introdução de novos equipamentos e outras situações similares.
           Os bancos aceitam discutir pontualmente os problemas gerados pelas inovações tecnológicas, mas disseram não ver necessidade na criação de uma comissão para essa finalidade.
           Horário de atendimento e controle das filas
           Os bancos também recusaram as reivindicações de ampliação do horário de expediente ao público, controle do tempo de espera nas filas e funcionamento das agências, que objetivam o aumento do número de trabalhadores nas unidades para melhorar as condições de trabalho e garantir qualidade de atendimento aos clientes.
          Seminário sobre sistema financeiro
          
Por último, a Contraf-CUT voltou a cobrar da Fenaban a realização de um seminário sobre o sistema financeiro, aberto a toda a sociedade, para discutir o papel dos bancos no desenvolvimento econômico e social do país.
Fonte: Contraf/CUT com edição da Fetrafi-RS

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