sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Bancos não avançam nas negociações de saúde e segurança

Foto: Contraf
          Começaram mal as negociações da Campanha Nacional dos Bancários 2010. Na segunda rodada de negociações sobre saúde do trabalhador (o que inclui assédio moral e metas abusivas) e segurança bancária, realizada nesta quarta e quinta-feira, dias 1º e 2, em São Paulo, os bancos rejeitaram quase todas as reivindicações apresentadas pelo Comando Nacional dos Bancários.
           A pesquisa sobre emprego na categoria desenvolvida pela Contraf-CUT e pelo Dieese mostrou que a metade dos 18 mil bancários desligados dos bancos no primeiro semestre de 2010 foi por iniciativa dos próprios trabalhadores, fundamentalmente em razão da situação cada vez insuportável no trabalho provocada pelo assédio moral e pelas metas abusivas.
           "Os bancários deixaram muito claro que, além do aumento de salário e de melhorias na PLR, a Campanha Nacional deste ano precisa avançar na direção de relações de trabalho mais humanas, o que passa necessariamente pelo combate ao assédio moral e pelo fim das metas abusivas", afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional dos Bancários. "O resultado das primeiras rodadas de negociação foi ruim nesse sentido. Vamos intensificar a mobilização para pressionar os bancos a atenderem as reivindicações da categoria."
           Na avaliação do diretor da Fetrafi-RS, Amaro Souza, a postura dos bancos é de total omissão. “Os banqueiros não assumem uma responsabilidade que é das suas gestões. Se os trabalhadores adoecem devido ao trabalho é óbvio que isto se deve à precariedade do ambiente das agências e às situações de pressão e constrangimento que estão sendo submetidos. Vamos garantir a organização e mobilização da categoria para obter avanços nas próximas rodadas. Não há dúvida de que teremos um processo de negociação difícil, mas por outro lado, estamos conscientes de que temos condições de atingir nossos objetivos nesta campanha”, finaliza Amaro.
           Assédio moral
           As negociações sobre assédio moral e metas abusivas, nessas primeiras rodadas, partiram dos resultados das discussões na Mesa Temática de Saúde do Trabalhador. Conquistada na campanha nacional do ano passado, esse fórum bipartite já realizou três reuniões este ano.
           A discussão gira em torno da implantação de um programa de prevenção de conflitos no ambiente de trabalho, o que inclui a possibilidade de apuração de denúncias de assédio moral encaminhadas pelos sindicatos. O programa vem sendo debatido desde 2006, mas permanece com uma série de pendências em razão da intransigência dos bancos.
            Metas abusivas
           Os negociadores da Fenaban também rejeitaram as propostas dos bancários para acabar com as metas abusivas, entre elas o fim do ranking individual de vendas de produtos e o fim das metas para os caixas.
           O Comando Nacional reafirmou aos representantes dos bancos que o problema a ser solucionado não é a existência de metas, mas a forma como essas metas são instituídas e cobradas dos trabalhadores, o que tem sido o principal fator gerador do assédio moral e de adoecimento dos bancários.
           Outras reivindicações de saúde
           Os representantes dos banqueiros recusaram ainda uma série de outras reivindicações, como por exemplo a manutenção de salários e a isonomia de direitos para quem está afastado por licença-saúde (cesta-alimentação, tíquete-refeição e PLR). Os bancos também negaram a concessão de abono de falta aos bancários com deficiência para o reparo de aparelhos que precisam usar.
           Segurança bancária
           A Fenaban negou o atendimento das principais reivindicações que tratam de segurança, como a proibição ao transporte de numerário e à guardas das chaves pelos bancários. Também negaram o adicional de risco de vida de 30% para quem trabalha em agências, postos e tesouraria e que está sendo conquistado pelos vigilantes em acordos coletivos e em votações de projetos de lei no Congresso Nacional.
           Os bancos se recusaram ainda a garantir medidas preventivas contra assaltos, como a colocação de portas giratórias em todas as agências e postos, câmeras de filmagem com monitoramento em tempo real e outros equipamentos. "Denunciamos a irresponsabilidade do Itaú Unibanco, que está retirando portas de segurança em cidades onde não existe legislação municipal que obriga sua instalação, e do Banco do Brasil, que está fazendo um projeto-piloto de retirada dessas portas em várias cidades do país", destaca Carlos Cordeiro.
           Em relação à assistência às vítimas de assaltos, sequestros e extorsões, os bancos se limitaram a garantir atendimento médico ou psicológico no local da ocorrência. Não asseguraram tratamento psicológico, nem aceitaram o fechamento da agência ou posto no dia do assalto, muito menos o acompanhamento de um advogado do banco na identificação de suspeitos na polícia. Além disso, os banqueiros foram contrários à estabilidade provisória de 36 meses para as vítimas de assaltos e sequestros.
          Os negociadores dos banqueiros aceitaram a emissão obrigatória do Boletim de Ocorrência (BO) na polícia para os casos de assaltos, consumados ou não, e sequestros. Também concordaram em fornecer estatísticas semestrais de assaltos a bancos em âmbito nacional. Essas medidas haviam sido discutidas na Mesa Temática de Segurança Bancária.
           Dia Nacional de Luta em defesa do emprego
          Para avançar nas negociações, o Comando Nacional avalia a necessidade de aumentar a mobilização e a pressão da categoria sobre os bancos. Por isso convocou Dia Nacional de Luta em defesa do emprego para a próxima quarta-feira, dia 8.
          No mesmo dia, às 15h, começa a terceira rodada de negociação entre o Comando Nacional e Fenaban, agora sobre emprego e condições de trabalho. A rodada continuará na quinta-feira, dia 9. Entre outras coisas, os bancários reivindicam mais contratações, proibição às demissões imotivadas e reversão das terceirizações.
Fonte: Contraf-CUT com edição da Fetrafi-RS 

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