terça-feira, 21 de setembro de 2010

Bancário denuncia prática abusiva do Itaú Unibanco

          A Fetrafi-RS recebeu no dia 16/09, através do site da entidade, uma mensagem de angústia, desabafo e quase um pedido de socorro. Trata-se do relato de um bancário do Itaú Unibanco sobre a rotina de excesso de trabalho, humilhações, constrangimentos e pressão, vivenciada por ele e seus colegas em uma das agências do banco.
           A mensagem recebida pela Fetrafi-RS traz novamente à tona, em plena Campanha Salarial 2010, a precariedade das condições de trabalho nas agências e postos de atendimento bancário. Os trabalhadores estão no limite da produção, do atingimento de metas, da rapidez no atendimento, mas os bancos querem acelerar o ritmo cada vez mais.
           A denúncia abaixo será encaminhada ao Departamento de Saúde da Fetrafi-RS e analisada pelo Comitê da Campanha Tudo Tem Limite: tolerância zero com a violência dos bancos. Outras denúncias semelhantes, ou de quaisquer situações de violência no ambiente de trabalho, podem ser encaminhadas para o endereço eletrônico: tudotemlimite@feebrs.org.br.
           O objetivo da Campanha é estabelecer novas frentes de combate à violência organizacional nos bancos. Além disso, todos os dados recebidos são analisados por profissionais dos Departamentos de Saúde da Fetrafi-RS e SindBancários, que sob orientação das diretorias de Saúde das entidades, encaminharão a resolução dos problemas.
           Confira abaixo a íntegra do relato enviado pelo bancário do Itaú:
           DESABAFO E PEDIDO DE SOCORRO CONTRA O MONSTRO DA PAPELETA DO TEMPO DE FILA
           Trabalho no Itaú Unibanco em uma agência de grande porte, com aproximadamente 15 funcionários na Operacional. Venho por meio desta, mostrar toda minha indignação, sofrimento e desespero diante de situação que caracteriza com grande ênfase o ASSÉDIO MORAL no trabalho.
           Eles vêm colocando os clientes em enormes filas e forçando os caixas a atender essas pessoas em 15 minutos. A tal papeleta vai para o último cliente da fila e ficam os chefes e o gerente operacional por trás dos caixas, forçando os bancários a atenderem em tempo recorde.
           Os funcionários não têm tempo nem para respirar, pois além das metas abusivas em relação à venda de produtos, os caixas são obrigados a largar tudo que estão fazendo no para colocar tais papeletas nas filas. Vejo todos os meses colegas de trabalho adoecendo devido aos métodos abusivos utilizados pela gestão do banco, como a pressão psicológica.
           É feita uma escala mensal com todos os caixas para ver quem ficará responsável pela papeleta no dia. Segundo todos os caixas da agência, este é o pior dia do mês, o dia do massacre, da desmotivação e estresse. No total são 13 marcações, 13 saídas do caixa em apenas 1 dia, seja ele dia de pico ou não, se sujeitando a constrangimentos diante de clientes, diferenças de caixas constantes e o risco de um eventual assalto, pois o funcionário fora do caixa fica vulnerável a virar escudo para bandidos.
          Somos obrigados a vender produtos para auxiliar no cumprimento da meta geral da agência. Embora receba valores ínfimos pelo serviço, o fato de acumular mais uma tarefa, além de ter de atender os clientes em no máximo 18 minutos, leva muitas vezes o caixa a cometer erros. Isso sem contar que as eventuais diferenças são pagas do nosso próprio bolso.
          Estamos trabalhando de modo sub-humano, pois a pressão para se alcançar metas abusivas está fazendo com que os funcionários usem de subterfúgios para aumentar suas vendas, pois o assédio moral é claro e explícito.
           A área operacional, como o próprio nome diz, é operacional e não comercial. Como um caixa pode atender dezenas de pessoas em uma fila de 18 minutos em dias normais e dias de pico, com educação, atenção e preocupação em tratar bem o cliente, se tem de vender e se preocupar em não estourar o tempo de fila?
           Quando os funcionários correm como loucos e ouvem gritos
sobre o tempo corrido da papeleta e quantos clientes faltam para chegar, aumenta o risco para dar uma diferença de caixa. É comum o questionamento dos clientes pela situação e, muitas vezes, no afã de querer ajudar, o próprio cliente tenta passar a papeleta na frente. Ainda temos de explicar que não é possível fazer isso.
           Não está sendo fácil levantar todos os dias e ir trabalhar, sabendo que teremos cobranças absurdas, pois, além de termos metas altíssimas, somos cobrados para cumprir 150% destas metas, pois 100% é obrigação e, para sermos competitivos, é preciso superação e, para isso, os 150% são imprescindíveis.
           O slogan do momento é BRILHO NOS OLHOS. Eu pergunto, de quem? Nosso brilho no olho é devido a lágrimas e desespero... O novo modo Itaú Unibanco de fazer tem dez “mandamentos” que, na teoria, são muito bonitos e éticos, mas que, na prática, não estão funcionando. Saúde física e mental é artigo de luxo para os bancários na atual conjuntura.
Claro que temos medo de perder nossos empregos, mas isso não justifica trabalharmos sob uma pressão insuportável, que faz com que muitos adquiram doenças psíquicas e físicas que os afetarão por toda a vida.
           Caros amigos acredito muito na força do Sindicato dos Bancários e respeito muito o trabalho de todos. 
           Para cumprir a lei do tempo de fila nas agências bancárias, não precisa sacrificar o bancário com tal situação, basta contratar mais funcionários e dar melhores condições de benefícios e condições de trabalho.
         Obrigado pela atenção!
         "Bancário do Itaú"
Fonte: Imprensa Fetrafi-RS

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