Uma onda de paralisações de
metalúrgicos teve início nesta semana em São Paulo e outras categorias
profissionais já ameaçam cruzar os braços. Entre os metalúrgicos, a
proposta de muitos grupos setoriais não cobre a inflação. Os bancários
também ameaçam parar. Hoje, a categoria decide se começa uma greve
nacional a partir de 18 de setembro. A proposta de 6% de reajuste
salarial da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) está longe dos
10,25% pedidos pelos bancários.
Os metalúrgicos do ABC foram os primeiros a fazer uma paralisação de 24 horas, na segunda-feira. De acordo com o sindicato, cerca de 56 mil pessoas cruzaram os braços em 50 fábricas da região. "As paralisações provocaram mudança nos discursos de alguns setores patronais. A gente acredita que isso vá render avanços ainda nesta semana, quando três grupos devem fechar acordos. Esses acordos passam a ser referencial para os demais", diz Wagner Santana, secretário-geral do sindicato no ABC. Em 2011, o sindicato fechou acordo válido por dois anos nas montadoras, que não entram na negociação deste ano. Os demais grupos pedem 2,59% de ganho real.
Em nota distribuída à imprensa, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC
informou que fechou ontem acordo com a direção da Mercedes -Benz, que dá
garantia de emprego até 31 de janeiro de 2013 aos 13 mil trabalhadores
na fábrica em São Bernardo do Campo. Até essa data, informa o sindicato,
a montadora adotará a chamada semana reduzida, com quatro e não cinco
dias de produção. Não haverá redução de salário mesmo com a redução da
jornada de trabalho.
Ontem, os metalúrgicos de Taubaté, Salto, Cajamar e Pindamonhangaba
pararam as atividades por algumas horas para pressionar as empresas, de
acordo com Valmir Marques, presidente da Federação dos Metalúrgicos da
Central Única dos Trabalhadores (FEM/CUT) em São Paulo, que representa
250 mil trabalhadores.
Na semana passada, a FEM entregou aviso de greve a todos os grupos
com quem negocia, à exceção do setor de fundição, que deu sinalizações
de uma proposta mais robusta que os 5% de reajuste oferecidos pelos
demais. O índice é inferior à inflação para a data-base.
Em São José dos Campos, cerca de 44 mil metalúrgicos organizam uma
série de paralisações durante esta semana, segundo Herbert Claros,
vice-presidente do sindicato que os representa. O principal embate entre
trabalhadores e o setor patronal está no índice de reajuste. Enquanto
os metalúrgicos querem pelo menos 2,5% de ganho real, a proposta da
maior parte dos grupos cobre apenas a inflação de 5,39%. A exceção é o
grupo de fundição, que ofereceu aumento real de 1,5%, mas que também não
foi aceito pelos trabalhadores.
Os bancários decidem hoje se entram em greve nacional a partir de
terça-feira. São 508 mil trabalhadores, representados pela Confederação
dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf). Além do controle da
rotatividade nos bancos e a valorização dos pisos, a categoria
reivindica ganho real de 5%. A proposta da Fenaban até agora está em 6%
de reajuste, sendo 0,58% de aumento real.
No ano passado, os bancários fizeram greve nacional por 21 dias. O
reajuste conquistado foi de 9%, o que significou um ganho real de 1,5%.
"A proposta deste ano é justa, não tínhamos espaço para ceder, mas
esperamos continuar as negociações em itens não econômicos que estejam
entre as reivindicações dos bancários", afirma Magnus Apostólico,
diretor de relações do trabalho da Fenaban, do setor patronal. "Não
pretendemos fechar acordo distante de 6%, mas estamos aguardando outros
pedidos que equilibrem a negociação."
Os trabalhadores dos Correios pedem 43,7% de reajuste - referentes,
segundo o sindicato, às perdas salariais acumuladas desde 1994. Em Minas
Gerais e no Pará a greve foi deflagrada, mas, segundo a empresa, apenas
2% dos trabalhadores aderiram, o que não alterou as suas atividades. A
proposta de reajuste da empresa é de 5,2%.
Edson Dorta, secretário-geral do sindicato dos trabalhadores, diz que
a orientação é para acatar a greve. Segundo ele, 120 mil funcionários
estão representados. "A empresa cresce sem aumentar o seu quadro de
funcionários. Os Correios não querem negociar."
Outra reivindicação da categoria faz referência à entrega de
correspondências no período da manhã, quando o sol é forte e expõe os
trabalhadores a problemas de saúde. "No Nordeste, Centro-Oeste e
interior de São Paulo, existem casos de trabalhadores com câncer de pele
e problemas respiratórios. Precisamos acabar com essa exposição",
acrescenta Dorta.
Fonte: Valor Econômico
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