Os bancos privados que operam no país fecharam 6.987 postos de trabalho
entre janeiro e agosto de 2013, andando na contramão da economia
brasileira, que gerou 1,07 milhão de novos empregos no mesmo período.
Além dos cortes, o sistema financeiro mantém a rotatividade de mão de
obra alta, mecanismo que os bancos usam para reduzir custos.
É o que mostra a Pesquisa de Emprego Bancário (PEB) divulgada nesta
terça-feira 24 pela Contraf-CUT, que faz o estudo em parceria com o
Dieese com base nos dados do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego
(Caged), do Ministério do Trabalho.
Segundo o Caged, os bancos brasileiros contrataram 26.940 bancários
entre janeiro e agosto e desligaram 30.314. No total do sistema
financeiro, foram fechados 3.374 postos de trabalho. O Caged não
discrimina a evolução do emprego por empresa; apenas por setor. A Caixa
Econômica Federal apresentou um saldo positivo de 3.357 empregos nos
primeiros oito meses do ano. E como o Banco do Brasil manteve o quadro
de funcionários estável, fica evidente que os cortes nos postos de
trabalho se concentram nos bancos privados.
Rotatividade reduz salário e concentra renda
A pesquisa Contraf-CUT/Dieese mostra que o salário médio dos admitidos
pelos bancos entre janeiro e agosto foi de R$ 2.896,09, contra salário
médio de R$ 4.550,64 dos desligados. Ou seja, os trabalhadores que
entram no sistema financeiro recebem remuneração 36,4% inferior à dos
que saem. Com isso, os bancos buscam reduzir suas despesas.
Isso explica por que, embora com muita mobilização os bancários tenham
conquistado 16,2% de aumento real no salário e 35,6% de ganho real no
piso salarial desde 2004, a média salarial da categoria diminuiu. Esse é
o mais perverso mecanismo de concentração de renda, num país que faz um
grande esforço para se tornar menos injusto.
Em dezembro de 2011, último dado da Rais, o salário médio do bancário
era 94,5% do que valia em 2001. Veja aqui gráfico com o comparativo
entre a evolução do PIB, do lucro líquido dos cinco maiores bancos e da
remuneração média dos bancários.
Os 10% mais ricos no país, segundo estudo do Dieese com base no Censo
de 2010, têm renda média mensal 39 vezes maior que a dos 10% mais
pobres. Ou seja, um brasileiro que está na faixa mais pobre da população
teria que reunir tudo o que ganha durante 3,3 anos para chegar à renda
média mensal de um integrante do grupo mais rico.
No sistema financeiro a concentração de renda é ainda maior. No Banco
Itaú, por exemplo, os executivos da Diretoria receberam em 2012, em
média, R$ 9,05 milhões por ano, o que representa 191,8 vezes o que ganha
o bancário do piso. No Santander, os diretores embolsaram R$ 5,62
milhões no ano passado, o que significa 119,2 vezes o salário do caixa. E
no Bradesco, que pagou R$ 5,0 milhões no ano a seus executivos, a
diferença é de 106,0 vezes.
Ou seja, para ganhar a remuneração mensal de um executivo, o Caixa do
Itaú tem que trabalhar 16 anos, o caixa do Santander 10 anos e o do
Bradesco 9 anos.
Fonte: Contraf/CUT
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