sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Ministra quer ouvir Contraf-CUT e Febraban sobre desigualdade nos bancos

A ministra-chefe da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Luiza Helena de Bairros, se comprometeu em chamar uma reunião entre a Contraf-CUT e Federação Brasileira de Bancos (Febraban) para tratar da falta de efetividade do protocolo de intenções que prevê cooperação mútua para ampliar a inserção da população negra no sistema financeiro.

A ministra-chefe da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Luiza Helena de Bairros, se comprometeu em chamar uma reunião entre a Contraf-CUT e Federação Brasileira de Bancos (Febraban) para tratar da falta de efetividade do protocolo de intenções que prevê cooperação mútua para ampliar a inserção da população negra no sistema financeiro.

O compromisso foi assumido durante audiência com a Contraf-CUT, assessorada pela Comissão de Gênero, Raça e Orientação Sexual (CGROS), ocorrida na tarde de quarta-feira, dia 15, em Brasília.

Na avaliação do movimento sindical, não houve avanços, mas recuos em relação aos objetivos do documento assinado entre a Febraban e a Seppir, em julho de 2010. O secretário-executivo da Secretaria, Mário Lisboa, também participou do encontro.

O que mais chamou a atenção foram as demissões de negros, na sua maioria mulheres, nos bancos privados. Dados apresentados pela Contraf-CUT à ministra apontam que, além de não haver mais contratações, registrou-se aumento das demissões de negros nessas instituições nos últimos dois anos, principalmente no Itaú.

O próprio relatório de sustentabilidade do Itaú revela que houve aumento de 14% no número de desligamentos de mulheres negras no banco em 2011 em comparação com o ano anterior. Além disso, segundo o Mapa da Diversidade, feito pela Febraban e divulgado em 2009, os negros e pardos constituíam 19% da mão-de-obra bancária, ao passo que hoje esse índice está em 18%.

"Os dados desmascaram mais um truque dos banqueiros, que se utilizam do Relatório Anual de Informações Sociais (Rais) do Ministério do Trabalho e Emprego, que engloba o sistema financeiro como um todo, para dizer que está havendo sim contratações de negros. Só que, como nos bancos públicos as admissões se dão via concurso, a realidade acaba não aparecendo", afirmou Andrea Vasconcelos, secretária de Políticas Sociais da Contraf-CUT.

Limpeza étnica e invisibilidade visível

Diante dos números, a Contraf-CUT classificou de limpeza étnica a política dos bancos privados de demitir preferencialmente negros (e mulheres negras) e lançou um desafio à ministra. Que ela, acompanhada de dirigentes sindicais, percorra agências de bancos privadas na região do centro de Brasília, e mesmo na Esplanada dos Ministérios, para comprovar que não há negros trabalhando nos bancos e, quando há, eles são minoria absoluta.

"Nos bancos públicos ainda podemos encontrar, inclusive no atendimento, por conta do processo de admissão, através de concurso público. A situação é mais grave nas instituições privadas, sem contar o problema da ascensão na carreira. É uma invisibilidade bastante visível", afirma o diretor do Sindicato dos Bancários de Brasília e integrante da CGROS, Wadson Boaventura.

"Tivermos a oportunidade de denuniciar, mais uma vez, as demissões de negros que vêm ocorrendo no sistema financeiro, particularmente nos bancos privados. Agora essa realidade é de conhecimento também do ministério e não somente do movimento sindical", destacou Andrea.

Portal de Igualdade

Os representantes dos trabalhadores também denunciaram à Seppir a ineficiência do Portal da Igualdade, criado pela Febraban para recrutamento de pessoas negras. Hoje, os bancos se negam a divulgar informações sobre as pessoas que estão sendo contratadas e as funções nas quais estão sendo alocadas, o que mostra que os instrumentos de inclusão da Febraban não estão funcionando.

Além disso, os bancos haviam se comprometido a divulgar o resultado desse processo a cada seis meses, o que não está acontecendo.

Conclusão

A reunião entre a Seppir, a Contraf-CUT e a Febraban deverá ser agendada tão logo termine a Campanha Nacional dos Bancários 2012. "O fato de a ministra ter nos recebido demonstra o respeito e o reconhecimento político que uma chefe de Estado tem dos debates promovidos pelos bancários sobre o assunto dentro dos bancos", avaliou a dirigente da Contraf-CUT.


Fonte: Contraf-CUT com Seeb Brasília

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