Uma unanimidade: a exclusão bancária tira o dinamismo da economia de um país. O Brasil, nesse caso, terá que caminhar a passos largos para enfrentar a situação de que mais de um terço da sua população acima de 16 anos não possui conta bancária nem acesso a empréstimos e a poupança. A maioria tem baixa renda, pouca escolaridade e vive em regiões menos desenvolvidas. Trata-se de uma multidão de 53 milhões de pessoas.
A Associação Brasileira de Entidades Operadoras de Microcrédito e Microfinanças (Abcred) afirma que, como a filosofia dos bancos é a do lucro, ainda prevalece uma natureza restritiva na definição de clientes, “apesar de as instituições financeiras terem avançado pelo país na última década, com modernização tecnológica e zelo pela liquidez, mas sem ter conseguido impedir que uma multidão de trabalhadores continuasse à margem do sistema”.
Estudos feitos por órgãos especializados apontam que o perfil dos sem-banco esbarra em baixos níveis de renda e escolaridade, concentrando-se nas regiões pobres. Segundo a Abcred, os bancos parecem não entender que esses clientes podem não gerar lucro, mas representam desenvolvimento econômico.
Crédito, poupança, caixa eletrônico e outros adereços bancários compõem uma realidade distante de muita gente pelo país. Por outro lado, o conceito de inclusão financeira surgiu sete anos atrás, quando a experiência pioneira de microcrédito, em Bangladesh, levou o Prêmio Nobel da Paz. A ideia de emprestar pouco dinheiro para pessoas de baixa renda e sem acesso às formas convencionais de crédito se espalhou. De lá para cá, o Conselho Monetário Nacional (CMN) editou e atualizou uma norma para os bancos destinarem 2% do saldo de depósitos à vista para essa finalidade.
Essa política, no Brasil, tornou-se popular e abrangente sob o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, possibilitando que muita gente saísse da pobreza absoluta.
A Divisão de Avaliação de Impacto e Inclusão Financeira do Banco Central revela que a taxa de bancarização no Brasil – conceito novo, referente ao universo das pessoas com algum vínculo bancário – supera a média da América Latina e do Caribe e de países como México e Peru. Há avaliação de que houve avanço no país em termos de inclusão bancária, mas existe a preocupação com a qualidade desse acesso. O Banco Central entende que oferecer ao pobre cartão de crédito com muita liberdade e taxas altas pode ser pior.
Desde 2003, quando o operário Lula assumiu o comando do país, a bancarização integra o leque de cidadania. É encarada como forma de inclusão social e ajuda a ilustrar o dinamismo e o grau de formalização de uma economia. Para o Sebrae, no entanto, o imenso contingente de brasileiros à margem dos bancos reflete dificuldades mais estruturais do que culturais, tendo em vista, segundo essa avaliação, que “a exclusão é decorrência de dificuldades de acesso, como restrições cadastrais".
Fonte: Fenae
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