segunda-feira, 23 de julho de 2012

Para o Comando, só com unidade nacional os bancários vão avançar

Abertura da 14ª Conferência Nacional dos Bancários.

 Fortalecer a unidade nacional para construir uma grande mobilização e buscar novas conquistas. Foi esse sentimento comum que marcou a abertura solene, nesta sexta-feira (20) à noite, da 14ª Conferência Nacional dos Bancários, que está sendo realizada em Curitiba.
O evento continuou no sábado 21 com uma análise de conjuntura na parte da manhã e depois com trabalhos em grupo, à tarde, para aprofundar o debate sobre emprego, remuneração, saúde, condições de trabalho e segurança bancária e sistema financeiro nacional.

"Apesar de pontos de vista às vezes divergentes, temos muito mais coisas em comum e um grau de unidade muito grande que conquistamos nesses anos de luta, fundamental para que sejamos a única categoria com a mesma Convenção Coletiva de Trabalho, que em 2012 completa 20 anos", afirmou Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional dos Bancários. "E só vamos avançar na CCT com o fortalecimento dessa unidade."

O dirigente sindical defendeu mais ousadia da categoria na Campanha Nacional deste ano. "Precisamos inovar. Além do aumento real de salário, da valorização do piso e das melhorias na PLR, temos que eleger o combate à rotatividade como o eixo principal da campanha, para acabar com esse instrumento perverso de redução da massa salarial da categoria", propôs Carlos Cordeiro. "Temos também que jogar peso no emprego, na saúde e condições de trabalho, e na segurança bancária."

'A Contraf-CUT foi fundada aqui, em Curitiba'
O presidente da Fetec-CUT PR, Elias Jordão, abriu a solenidade saudando os delegados e observadores e ressaltando a importância da realização da 14ª Conferência Nacional em Curitiba. "Além dos 80 anos do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região, neste ano a Fetec-CUT-PR também completa 20 anos. Devemos lembrar também que a Contraf-CUT foi fundada aqui na capital paranaense, então temos história no movimento bancário", afirmou.

Elias falou sobre os desafios e dificuldades que a categoria poderá encontrar na Campanha Nacional deste ano. "Já sabemos que a crise econômica será usada como argumento para dificultar a negociação. Mas esta crise não é nossa, não fomos nós que criamos. Trabalhador gera lucros e ganhos, e no caso do sistema financeiro, os lucros são imensos".

O presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região, Otávio Dias, também saudou os participantes do encontro. "A nossa campanha para realizar a Conferência Nacional em Curitiba começou há um ano. É uma satisfação muito grande recebê-los neste ano em que completamos 80 anos de lutas", lembra o dirigente.
Otávio Dias contou ter se emocionado ao receber um ministro de Estado que se comprometeu com a categoria bancária. "Ele assumiu um compromisso de atuar com ações de governo para lutar contra a rotatividade e nós temos que cobrar", diz.

O presidente do Sindicato de Curitiba também conclamou a todos intensificarem os esforços para convencer o governo a convocar uma Conferência Nacional do Sistema Financeiro, na qual a sociedade brasileira possa discutir qual o papel que os bancos devem exercer no país. E finalizou desejando boas vindas a todos em Curitiba, lembrando que o calor humano dos companheiros bancários esquentou o clima na cidade.

'Os bancos não enfrentam crise'
A presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Juvandia Moreira, criticou a ganância dos bancos. Ela reforçou que a terceirização, a rotatividade, o assédio moral, o acúmulo de serviço e o aumento da jornada não se justificam em um setor que lucrou R$ 52 bilhões no ano passado e que, só no primeiro trimestre deste ano, acumulou R$ 12 bilhões (considerando apenas os balanços dos cinco maiores bancos do país).

"Na segunda-feira (16) dei entrevista a dois jornalistas que me perguntaram a mesma coisa: como ficaria a campanha nesse contexto de crise internacional. Eu respondi devolvendo a pergunta e questionando: que crise o sistema financeiro nacional está passando? Eles não souberam me responder. Os bancos não estão passando por crise nenhuma, gente!", disse.

Juvandia lembrou ainda que, durante a campanha do ano passado, o discurso dos banqueiros, que encontra eco na grande mídia, era de que o aumento dos salários dos trabalhadores levaria à inflação. "Na verdade o remédio que os países europeus estão receitando, de arrocho salarial e austeridade, é que está aumentando a crise."
A dirigente disse que os bancários têm de lutar, nesta Campanha, por aumento do emprego, dos salários, melhoria das condições de trabalho. Mas também fazer coro com a sociedade e lutar por um sistema financeiro que de fato cumpra seu papel social, promovendo desenvolvimento com sustentabilidade.

Outra bandeira dessa campanha, segundo Juvandia, deve ser o fim do fator previdenciário. "Também temos de ir pras ruas e colocar como eixo de nossa luta o fim do fator previdenciário. E ser contra essa história de idade mínima (para a aposentadoria). O brasileiro começa a trabalhar muito cedo!", justificou.

O bancário, deputado estadual, e ex-presidente do Sindicato de São Paulo e primeiro presidente da Contraf-CUT, Luiz Cláudio Marcolino (PT-SP), também participou da mesa de abertura. Ele lembrou duas conquistas históricas da categoria: a CCT nacional, que completou 20 anos, e a unificação da negociação de bancos privados e públicos, em 2004. "Destaco esses dois patrimônios da nossa luta. O primeiro garantiu que todos os bancários tivessem os mesmos direitos, do Rio de Janeiro ou do Acre. O segundo, em 2004, foi a conquista da unidade dos trabalhadores bancários. Vocês vêm demonstrando, ano após ano, que é possível ousar e conquistar, continuar ousando e conquistando", concluiu.

Os 20 anos da CCT
Aparecido Roveroni, representante da Federação dos Bancários de São Paulo e Mato Grosso do Sul, destacou a importância da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), que está completando 20 anos, e enfatizou também que é preciso coragem para discutir e negociar a contratação diferenciada dos correspondentes bancários e terceirizados. "Divergências existem, porém é preciso superar pela via da unidade de ação".
'A unidade se dá na ação concreta'
O presidente da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe e representante da CTB, Emanuel Souza, também defendeu que "a unidade nacional da categoria é essencial e a sua construção foi realizada coletivamente por todos os estados brasileiros ao longo das décadas. Essa construção se dá na ação concreta de cada dia. Precisamos refletir sobre nossa luta, como fortalecer a greve, fortalecer a organização no local de trabalho e lá combater o assédio moral que tem levado a categoria ao adoecimento mental".

Outro ponto destacado por Emanuel foi sobre a necessidade da realização da Conferência Nacional do Sistema Financeiro. "Precisamos debater qual sistema financeiro é necessário para que o Brasil cresça, se desenvolva e para que seja promovida justiça social".
Expressão dos debates das conferências regionais
O presidente do Sindicato dos Bancários de Florianópolis, Jacir Zimmer, representante da CSD, destacou que a Conferência é a expressão dos debates feitos nas conferências regionais ou estaduais. "É inegável que chegamos para esta 14ª Conferência com um acúmulo de conhecimento jamais visto, o que mostra o quanto estamos organizados e que temos totais condições para avançarmos ainda mais", afirmou Jacir.
 O dirigente ainda lembrou os 20 anos da assinatura da primeira Convenção Coletiva da categoria bancária celebrada neste ano. "Muitos não acreditavam que naquele momento pudéssemos construir uma convenção unificada válida em todo o território nacional, e hoje esta é a realidade vivida pelos bancários", disse.
 O sindicalista ainda ressaltou o desafio de se construir uma unidade que não seja apenas teórica, mas que também seja na prática. "Que possamos sair desta Campanha Salarial com as resoluções que de fato os trabalhadores esperam de seus representantes", conclui Jacir.

Estatização do sistema financeiro
O coordenador geral do Sindicato do Espírito Santo e representante da Intersindical, Carlos Pereira de Araújo, reafirmou como fundamental a luta pela estatização do sistema financeiro. "Vimos recentemente os governos dos EUA e dos países europeus injetando bilhões para salvar bancos. No Brasil não vai ser diferente. A dívida pública é crescente e grande parte da arrecadação é destinada para pagamento da dívida. Esse dinheiro vai para o capital financeiro, que se apropria das nossas riquezas, da nossa força de trabalho e ficamos com a degradação ambiental", afirmou Araújo.
Na sua avaliação, é preciso combater o pacto envolvendo banqueiros, agronegócio e grande indústria feito em 1994, com a implantação do Plano Real. "Por meio desse pacto, a elite econômica buscou a estabilidade para conter as greves que aconteciam no período e para continuar acumulando e se apropriando das riquezas através da nossa força de trabalho. Passou o Governo Lula e não conseguimos fazer mudanças estruturais importantes, como a democratização da comunicação e a taxação das grandes riquezas. Prevaleceu a pauta conservadora das privatizações, das reformas da Previdência Social que retiram direitos trabalhistas. Precisamos buscar mudar esse modelo, pois a democracia econômica é fundamental para os brasileiros", afirmou.

'Bancos têm dinheiro de sobra para atender reivindicações'
O presidente da Federação dos Bancários do RJ e ES, Nilton Damião (o Niltinho) também manifestou a convicção de que "os bancos vão usar a crise internacional e a decisão do governo de reduzir os juros como justificativas para não atender nossas reivindicações, mas o aumento das tarifas e os lucros do setor financeiro derrubam a falácia dos banqueiros, que têm dinheiro de sobra para atender as reivindicações de nossa campanha salarial".

 Também falaram antes da abertura da 14ª Conferência representantes da CSP-Conlutas, da CUT Pode Mais e dos Bancários em Primeiro Lugar (BPL).
Fonte: Contraf-CUT
Crédito: Leandro Taques
Rede de Comunicação dos Bancários

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