A
escalada de uma violência direta de criminosos contra os bancários e
suas famílias e a insensibilidade dos bancos levaram ao fechamento de
agência Moinhos de Vento, do Bradesco, durante toda a terça-feira, 6/8.
Depois que um funcionário desta agência localizada na avenida
Independência teve o filho sequestrado por horas e foi obrigado a
entregar dinheiro do cofre, o Bradesco estava se negando a emitir a
Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT). A alegação absurda do
Bradesco era que o bancário não teria sido alvo direto da ação dos
criminosos, apenas seu filho.
O funcionário do Bradesco se
dirigia para o trabalho, na manhã da segunda-feira, 5/8, quando os
assaltantes o abordaram. Anunciaram que só queriam o dinheiro do cofre.
Disseram conhecer a rotina do trabalhador, que ele obedecesse e que
ficariam com seu filho. Caso o dinheiro não fosse entregue, o filho do
bancário seria executado.
Insensível com o sofrimento do empregado, o Bradesco avisou que não
iria emitir a CAT. Esse documento é fundamental num caso de sinistro
como é um assalto com refém. Isso porque serve de prova para algum dano
futuro à saúde do trabalhador. “Nesses casos de assalto com refém,
costumamos encontrar trabalhadores que só sentem o trauma causado pelo
sequestro uma e até duas semanas depois. A CAT é garantia de que o banco
está ciente de que um de seus empregados passou por um sofrimento muito
grande e que pode precisar de algum atendimento mais adiante”, diz o
diretor do SindBancários e funcionário do Bradesco, Everton Gimenis.
Outra reivindicação dos bancários foi em relação a apoio psicológico.
O Bradesco demorou muito a prestar auxílio de especialista ao bancário.
Apenas ao final da manhã desta terça-feira, 6/8, o banco comunicou ao
SindBancários que estava enviando uma psicóloga à casa do bancário.
Outra profissional esteve na agência e atendeu os outros funcionários
por volta das 11h.
“Estamos vivendo um surto de assalto a banco com refém. Este é um
tipo de ação, pois deixa uma sequela muito grande. O bancário que é
sequestrado ou tem algum familiar em poder dos bandidos fica muito
traumatizado. Precisa de ajuda do banco. E numa hora dessas o banco nega
ou dificulta a recuperação de um trabalhador. Não admitimos que isso
aconteça dessa maneira e não vamos deixar essa agência se o caso do
nosso colega não for tratado da forma que deve ser tratado: com
humanidade”, disse o presidente do SindBancários, Mauro Salles.
Mais reféns nos bancos
As quadrilhas costumam desenvolver estratégias para enfrentar as
ações que as instituições de segurança pública desenvolvem para conter a
violência bancária. Os assaltos com reféns são a estratégia que mais
cresceu no primeiro semestre de 2013. Em relação aos primeiros seis
meses de 2012 (gráfico) os assaltos com reféns cresceram seis vezes,
passando de três para 21 (aumento de 600% dos casos). Este volume é
maior do que todas as ocorrências com bancários como reféns em todo o
ano de 2012 (9), segundo o levantamento do SindBancários.
O gráfico mostra claramente que os roubos com reféns em que os
assaltantes levantam informações detalhadas sobre a vida dos bancários,
chantageiam e o obrigam a entregar determinado valor tem levado os
bancários ao desespero e contrabalançam as ações contra caixas
eletrônicos com uso de explosivos (-50%) e até mesmo o volume total de
ataques, incluindo arrombamentos, em todo o primeiro semestre de 2013 em
relação ao mesmo período de 2012 (-9,2%).
A tendência é que esses crimes se mantenham em alta no começo do
segundo semestre. Em julho, dos 10 ataques a bancos em todo o Estado, um
teve bancário como refém. Em agosto, dos quatro que ocorreram até o dia
6, três tiveram reféns. Depois que o bancário do Bradesco teve seu
filho refém, em Porto Alegre, dois outros ficaram em poder direta ou
indiretamente de assaltantes.
Tiroteio e prisões
Na madrugada de 6 de agosto, um bancário teve a família mantida como
refém, na cidade de Gentil, Norte do Estado. Eles ficaram em poder do
bando durante toda a madrugada na própria casa da família. Os
assaltantes obrigaram o bancário a ir até Santo Antônio do Palma, seis
quilômetros adiante, para entregar dinheiro da agência do Sicredi.
Em São Paulo das Missões, outro bancário foi levado como refém de
assaltantes que atacaram o Banco do Brasil na manhã desta terça-feira,
6/8. O trabalhador foi feito de refém quando, ao iniciar a fuga, os
assaltantes foram interceptados pela Brigada Militar. Houve troca de
tiros. A fuga continuou até que os reféns tiveram seu caminho bloqueado
por um trator.
Fugiram a pé. O bancário conseguiu escapar. Os ladrões escaparam para
Roque Gonzales, na divisa com São Paulo das Missões, e se esconderam em
um matagal. Cerca de três horas depois, a Brigada, com reforço da
Polícia Civil, prendeu o trio.
Fonte: SindBancário, com informações da Zero Hora
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