quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Agência do Bradesco fecha em apoio a bancário sequestrado

A escalada de uma violência direta de criminosos contra os bancários e suas famílias e a insensibilidade dos bancos levaram ao fechamento de agência Moinhos de Vento, do Bradesco, durante toda a terça-feira, 6/8. Depois que um funcionário desta agência localizada na avenida Independência teve o filho sequestrado por horas e foi obrigado a entregar dinheiro do cofre, o Bradesco estava se negando a emitir a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT). A alegação absurda do Bradesco era que o bancário não teria sido alvo direto da ação dos criminosos, apenas seu filho.

O funcionário do Bradesco se dirigia para o trabalho, na manhã da segunda-feira, 5/8, quando os assaltantes o abordaram. Anunciaram que só queriam o dinheiro do cofre. Disseram conhecer a rotina do trabalhador, que ele obedecesse e que ficariam com seu filho. Caso o dinheiro não fosse entregue, o filho do bancário seria executado.

Insensível com o sofrimento do empregado, o Bradesco avisou que não iria emitir a CAT. Esse documento é fundamental num caso de sinistro como é um assalto com refém. Isso porque serve de prova para algum dano futuro à saúde do trabalhador. “Nesses casos de assalto com refém, costumamos encontrar trabalhadores que só sentem o trauma causado pelo sequestro uma e até duas semanas depois. A CAT é garantia de que o banco está ciente de que um de seus empregados passou por um sofrimento muito grande e que pode precisar de algum atendimento mais adiante”, diz o diretor do SindBancários e funcionário do Bradesco, Everton Gimenis.

Outra reivindicação dos bancários foi em relação a apoio psicológico. O Bradesco demorou muito a prestar auxílio de especialista ao bancário. Apenas ao final da manhã desta terça-feira, 6/8, o banco comunicou ao SindBancários que estava enviando uma psicóloga à casa do bancário. Outra profissional esteve na agência e atendeu os outros funcionários por volta das 11h.

 “Estamos vivendo um surto de assalto a banco com refém. Este é um tipo de ação, pois deixa uma sequela muito grande. O bancário que é sequestrado ou tem algum familiar em poder dos bandidos fica muito traumatizado. Precisa de ajuda do banco. E numa hora dessas o banco nega ou dificulta a recuperação de um trabalhador. Não admitimos que isso aconteça dessa maneira e não vamos deixar essa agência se o caso do nosso colega não for tratado da forma que deve ser tratado: com humanidade”, disse o presidente do SindBancários, Mauro Salles.

Mais reféns nos bancos

As quadrilhas costumam desenvolver estratégias para enfrentar as ações que as instituições de segurança pública desenvolvem para conter a violência bancária. Os assaltos com reféns são a estratégia que mais cresceu no primeiro semestre de 2013. Em relação aos primeiros seis meses de 2012 (gráfico) os assaltos com reféns cresceram seis vezes, passando de três para 21 (aumento de 600% dos casos). Este volume é maior do que todas as ocorrências com bancários como reféns em todo o ano de 2012 (9), segundo o levantamento do SindBancários.

O gráfico mostra claramente que os roubos com reféns em que os assaltantes levantam informações detalhadas sobre a vida dos bancários, chantageiam e o obrigam a entregar determinado valor tem levado os bancários ao desespero e contrabalançam as ações contra caixas eletrônicos com uso de explosivos (-50%) e até mesmo o volume total de ataques, incluindo arrombamentos, em todo o primeiro semestre de 2013 em relação ao mesmo período de 2012 (-9,2%).
 A tendência é que esses crimes se mantenham em alta no começo do segundo semestre. Em julho, dos 10 ataques a bancos em todo o Estado, um teve bancário como refém. Em agosto, dos quatro que ocorreram até o dia 6, três tiveram reféns. Depois que o bancário do Bradesco teve seu filho refém, em Porto Alegre, dois outros ficaram em poder direta ou indiretamente de assaltantes.
Tiroteio e prisões
Na madrugada de 6 de agosto, um bancário teve a família mantida como refém, na cidade de Gentil, Norte do Estado. Eles ficaram em poder do bando durante toda a madrugada na própria casa da família. Os assaltantes obrigaram o bancário a ir até Santo Antônio do Palma, seis quilômetros adiante, para entregar dinheiro da agência do Sicredi.
Em São Paulo das Missões, outro bancário foi levado como refém de assaltantes que atacaram o Banco do Brasil na manhã desta terça-feira, 6/8. O trabalhador foi feito de refém quando, ao iniciar a fuga, os assaltantes foram interceptados pela Brigada Militar. Houve troca de tiros. A fuga continuou até que os reféns tiveram seu caminho bloqueado por um trator.
Fugiram a pé. O bancário conseguiu escapar. Os ladrões escaparam para Roque Gonzales, na divisa com São Paulo das Missões, e se esconderam em um matagal. Cerca de três horas depois, a Brigada, com reforço da Polícia Civil, prendeu o trio.

Fonte: SindBancário, com informações da Zero Hora

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